"Consegui casar a minha ambição com um grande orçamento"
Um cineasta que aqui encena um encantatório melodrama de terror. Crimson Peak pertence a um subgénero muito específico: o romance gótico. Depois de ter falhado dois projetos - O Hobbit e At the Mountains of Madness, baseado no livro de Lovrecrat , com Tom Cruise -, Guillermo del Toro finalmente assina em Hollywood um filme de autor (Batalha do Pacífico e Hellboy são encomendas em que, claro, consegue deixar a sua marca). É por isso um homem feliz.
Em Londres, num hotel meio gótico, fala com entusiasmo desmedido de um filme que parece feito para alimentar os seus muitos fãs. Del Toro é nesta altura um dos nomes com maior base de seguidores no moderno cinema de terror. E diz que é visitado por fantasmas. Batalha do Pacífico 2 pode esperar...
Porque é que as pessoas continuam a gostar de ficar assustadas?
Porque somos mamíferos, antes de mais. Precisamos de satisfazer certos impulsos de forma socialmente aceitável. Uma das maneiras de satisfazer a sensação de confrontação é o cinema. Por isso é que gostamos de carrinhos de choque, aí também é aceitável. Essa nossa necessidade de confrontação e de matar é reprimida. Em cinema podemos deitar tudo cá para fora. Sabemos que não vamos voar para fora do carro, sabemos que estamos seguros, sobretudo num filme de terror.
Contudo, todos os seus filmes de terror são muito elegantes e com uma beleza provocante. É a sua marca registada?
Sou o decorador de interiores mais perverso do mundo. Gosto que as coisas sejam bonitas, mas também gosto que sejam desconfortáveis. Toda a minha vida anda à volta de tentar encontrar a beleza no horror e o horror na beleza. Não me consigo imaginar a fazer cinema de uma outra forma... Essa é a minha pintura no cinema. Dependendo do orçamento, às vezes vou mais além. Tento sempre embelezar tudo ao máximo. É o meu divertimento...